segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O chamado de Levi (Mateus)

Mt 9.9; Mc 2.13; Lc 5.27
Significado de Levi
  
Levi no hebraico significa "devoto, unido".  De acordo com as Escrituras Sagradas é o nome de um dos 12 filhos de Jacó, e uma das 12 tribos de Israel.

Nos evangelhos segundo Marcos (2.13) e Lucas (5.27), Levi também é o nome pelo qual o Apóstolo Mateus era conhecido antes de seu encontro com Jesus, assim como o nome de um dos ancestrais da linhagem de Jesus também. 

Levi era o nome de família de Mateus (seu nome de infância, Lc 3.12; Mc 2.14), o qual foi apóstolo rico do colegiado de Jesus (Mt 10.3; At 1.13).
  
Uma pergunta intrigante
  
Porque Mateus, sendo judeu se tornou um publicano, ou seja, um cobrador de impostos? Sendo que, este, era um ofício visto de forma pejorativa pelo povo judeu!

Naquela época na Palestina, o sistema de cobrança de impostos era feito pelo sistema de arrendamento. Nesta época o Império Romano arrendava (alugava) as terras por um ano, ou mais (dependendo da pessoa que pagasse antecipadamente o valor mais alto pelo terreno).  Assim, os arrendatários eram pessoas ricas que alugavam a terra do governo romano e assim tentavam tirar o seu lucro cobrando pesados impostos sobre o povo.

Porém, ao contrário dos arrendatários, os cobradores de impostos (tal como Mateus) eram pessoas comuns contratadas apenas para fazer o seu respectivo trabalho: cobrar impostos. Geralmente eram pessoas simples que, muitas vezes, por não conseguirem nenhum outro trabalho, tornavam-se cobradoras de impostos. Certamente Mateus fez fortuna, enriqueceu nesse ofício. 

Quem era Mateus?
  
Seu nome no hebraico padrão e vocalização de Tibérias é: Mattay ou Mattiyahu; no grego: Matthaios; que significa "dom de Deus” ou “dádiva do Senhor". 

Mateus era o filho de Alfeu.  Alfeu é citado somente no Evangelho de Marcos como "pai de Levi”, já em outras passagens do NT Alfeu é relatado como "pai de Tiago" (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15 e At 1.13), o que provavelmente conclui-se que o mesmo deveria ser irmão de Mateus. 

Mateus era publicano e exercia a profissão de cobrador de impostos na coletoria em Cafarnaum. A coletoria era, quase sempre, uma espécie de bilheteria onde eram cobrados pedágios para aqueles que transitassem pela estrada internacional que ligava Damasco ao litoral do Mediterrâneo e ao Egito, passando por Cafarnaum. Como publicano, Mateus foi chefe dos fiscais da coletoria, que cobravam impostos, para o governo romano, a serviço do tetrarca Herodes (Mt 9.9).  Foi em Cafarnaum (cidade que Jesus habitou por algum tempo, depois de ter saído de Nazaré) que provavelmente Mateus tenha ouvido as ministrações do Senhor, como também visto e presenciado, os milagres que Jesus realizara. 

O povo judeu considerava os publicanos homens de má fama, e Mateus, sendo judeu, e exercendo tal trabalho, era tratado pelos seus compatriotas judeus (e pelas seitas judaicas) com descrédito, pois, o consideravam injusto.  

O trabalho de Mateus (cobrador de impostos) não era considerado justo pelo seu povo (os judeus), o qual, o tratavam com depreciação, sendo excluído do convívio social e religioso, por ser considerado um trabalho que o mantinha distante de Deus.

O motivo pelo qual o trabalho de Mateus era depreciado se dava pela corrupção, pois a maioria dos cobradores de impostos cobrava além do que a lei romana pedia.   Por esse motivo um publicano era odiado pelo povo Judeu, pois em geral eram desonestos e maldosos. Estes extorquiam e roubavam seus próprios irmãos judeus.

O povo judeu se referia aos cobradores de impostos como “publicanos” e “pecadores”, isso porque os consideravam como “amaldiçoados” (Jo 7.49). 

Para os fariseus os publicanos eram iguais aos “pecadores”, (termo usado literalmente para identificar pessoas que tratavam com desleixo os diversos preceitos cerimoniais exigidos pelos fariseus e escribas). Os publicanos se davam bem com os ditos pecadores (gentios – pessoas não convertidas ao judaísmo) e conviviam bem entre si. Em vista de viverem na companhia dos gentios eram também excluídos das sinagogas.

Segundo o relato do evangelho de Marcos (2.13), Jesus, depois de atravessar o lago de Tiberíades, ao passar por Mateus, que estava sentado, a trabalhar na recolha dos impostos, disse-lhe: "Segue-me". Mateus levantou-se, abandonou tudo e seguiu-O, tornando-se num dos seus doze discípulos (Mateus 9:9). 

Aos olhos dos judeus, Mateus era publicano e pecador, digno de desprezo, alguém indigno, mas, aos olhos de Jesus, Mateus era um discípulo em potencial. Quando o Senhor olhou para Mateus, enxergou muito além do preconceito e do ódio rancoroso que o povo sentia por ele, devido seu trabalho como cobrador de impostos.  Mateus não só tornou-se um discípulo como também o futuro autor do evangelho que leva seu nome!

No evangelho segundo Lucas (5.28), Mateus ao ouvir a convocação de Jesus, teve três atitudes distintas:

1º - Levantou-se da coletoria;

Mateus tinha certo status social (entre os pecadores), pois, trabalhava na coletoria, e era chefe dos fiscais cobradores de impostos. Serviço prestado para o governo romano, sob a autoridade do tetrarca Herodes (Mt 9.9).  Tinha muitos amigos (pecadores), o qual demonstrou ter grande estima pelos mesmos, os quais atenderam ao seu convite para uma grande ceia, cujo intuito era levá-los a um encontro pessoal com o Jesus.

Status social é o "posto", a honra ou o prestígio anexados a posição de alguém na sociedade. Certos comportamentos e escolhas carregam estigmas que podem afetar negativamente o status do indivíduo, como no caso de Mateus, que ao se tornar publicano (cobrador de impostos) era mal visto e rejeitado pela sociedade judaica, mas bem aceito entre pecadores.

O status social é adquirido através do esforço pessoal através de suas habilidades, conhecimentos e capacidade pessoal, um indivíduo pode ter seu status alterado negativamente ao competir com outras pessoas ou grupos e triunfar sobre eles ou mesmo quando decide mudar seu estilo de vida.  Mateus mudou todo seu estilo de vida radicalmente, ao levantar-se para sair da coletoria, renunciando assim todos os ganhos e tudo o que praticava de mal contra seu próprio povo (Mc 8.34-36; Lc 12.8,9,34);
  
2º - Abandonou tudo;
  
Abandonar significa renunciar, desistir de, abandonar algo (no caso de Mateus um cargo), deixar, afastar-se de, ou mesmo afastamento voluntário.

Ao receber o convite do Senhor Jesus (segue-Me), Mateus abandonou tudo de livre e espontânea vontade.  Desistiu de seu trabalho, seu alto cargo, seu status social, e principalmente de prosseguir em seus maus intentos, para viver uma nova vida com Jesus!

Mateus renunciou a tudo isso para seguir Jesus. Mateus reconheceu sua vida pecadora, seus erros, e resolveu tomar uma decisão sem volta, abandonando a tudo para seguir um novo caminho.

O que mais chama atenção na história de Mateus é sua determinação em seguir adiante independente das circunstancias da vida. Outros discípulos do Senhor Jesus que receberam o mesmo convite, em certas circunstancia da vida, voltaram a trabalhar em seu ramo (Jo 21.1-14), mas, Mateus, no entanto, tomou uma decisão só de ida.  Sabia que o preço de seguir Jesus implicaria em mudança total de vida, sem direito à volta, ainda que momentânea em certas ocasiões da vida (Lc 14.26,27);
  
3º - Seguiu Jesus;

       Segue-me em grego é “akolutheo”, que é uma expressão que significa: “ir atrás de”.  Na época essa expressão era uma um convite de honra. O aluno do profeta, em sinal de respeito, passaria a caminhar atrás do seu mestre (rabino) e, por dois anos, aprenderia as leis do judaísmo. 
O mais interessante das três atitudes distintas de Mateus, não foi somente atender o chamado do Senhor (a convocação de Jesus), deixando tudo para trás, e começando assim uma nova vida com Cristo (Lc 5.28), mas na demonstração de grande alegria de alma, ao oferecer uma grande ceia em sua casa, um banquete “evangelistico”, convidando seus muitos amigos pecadores, para conhecerem o Messias, o Cristo. Mateus entendeu que lhe fora confiado à gloriosa e honrada missão de proclamar o Evangelho do Senhor Jesus e libertar a todos das ilusões e das amarras do pecado, oferecendo asism uma nova vida a quem decidisse segui-Lo (Lc 5.29; Mt 9.10; Mc 2.15).

No Oriente e naquela época, convidar alguém para cear em casa era uma grande demonstração de amizade e intimidade e por isso recebia o nome de: “comunhão de mesa”.

Isso foi suficiente para provocar a ira de um grupo de fariseus o qual questionaram os discípulos do Senhor: “Porque como o vosso mestre com os cobradores de impostos e pecadores?

Segundo o farisaísmo, a graça de Deus era oferecida somente para aqueles que cumprissem a Lei, o que levou Jesus a se pronunciar em defesa de seu discípulo, citando uma referência: “Misericórdia quero e não sacrifícios”.  (Mt 9.13; 12.7; Os 6.6), concluindo que os sãos não necessitam de médicos, mas sim, os doentes. Pois não veio para resgatar os justos e sim pecadores.

Os fariseus (fariseu no hebraico “hassïdïns”, que significa “leias a Deus”) eram uma das principais seitas judaicas da época do Senhor Jesus. Embora alguns realmente fossem homens de Deus, a maioria dos que conflitavam com Jesus eram hipócritas, invejosos, formalistas e envenenados por sórdidos interesses político. Alguns eram sacerdotes e doutores da Lei, temidos por seu rigor e poder político. Surgiram no reinado de João Hircano, entre 135 e 105 a.C. Trata-se de um grupo religioso, sucessores dos “hassïdïns”, judeus piedosos que juntaram suas forças aos Macabeus durante a guerra pela liberdade de Israel da Síria (166 a 142 a.C.).

Contudo tanto esta crítica como também o preconceito social, não foram suficientes para que a humildade de Mateus deixasse de ser reconhecida no evangelho que tem o seu nome. Ao enumerar os apóstolos, ele se cognomina “Mateus, o publicano” (Mt 10.3).

Conta Eusébio (Hist. Eccl. iii, 24) que Mateus, depois de pregar aos seus próprios conterrâneos, foi para outras nações. E Sócrates (Hist. Eccl i, 19) diz que foi a Etiópia o centro dos seus trabalhos. A maior parte dos primitivos escritores afirmam que ele teve a morte de um mártir, ou seja, como uma verdadeira testemunha do Senhor Jesus!




Bibliografia:

Quem é quem na Bíblia Sagrada; Alfeu, Pág. 31; Levi 4., Pág 409; Mateus, pág. 442 a 446.
Wikipédia, Mateus (evangelista);
Dicionário Vine; hebraico e grego; 

12 comentários:

  1. muito boa a explicação. Me ajudou muito.

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  2. Muito edificante essas explicações sobre Mateus. Que Deus continue abençoando vcs.

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  3. Porque Mateus era chamado também de Levi?

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  4. ACHEI RICAMENTE O CONTEÚDO POIS RETRATA UMA FORTE LIGAÇÃO AO CRISTIANISMO NO SENTINDO DE VERMOS QUE NOSSO JESUS FOI MISERICORDIOSO NAS SUAS AÇÕES, DESTACANDO AQUELAS QUE MUITAS DAS VEZES AS PESSOAS ESTAVAS COM SUA VIDA COMPROMETIDA COM PECADO. E BOM DISSO É ACOMPANHAMOS A CONVERSÃO DESSAS PERSONAGENS NO PROCESSO DE LIBERTAÇÃO DO PECADO E DO RECEBIMENTO DA FORÇA ESPIRITUAL DE JESUS, AO CONCERTO COM A VIDA CRISTÃ. QUE RECEBEMOS ESSA MENSAGEM EM JESUS CRISTO AMÉM.

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  5. Muito boa exposição da conversão de Matheus, me trouxe importantes informações.

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  6. Alguém sabe me dizer se é verdade que Mateus se chamava Levi mas depois de se tornar publicando mudou o nome para Mateus por causa do preconceito dos judeus
    Ou ele sempre teve esses dois nomes mesmo antes de se torna publicando?

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