segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Angelologia

A Bíblia menciona freqüentemente os anjos; apresenta uma aparente hierarquia angelical, onde cada qual tem uma função a cumprir, seja diante de Deus ou dos homens. O presente estudo provê uma noção geral e resumida sobre estes seres divinos dentro das Escrituras Sagradas.

Etimologia da Palavra Anjo

Etimologia é a parte da lingüística que estuda o étimo das palavras (que é o vocábulo que da origem a outros quanto ao significado, do grego “etimon”, verdadeiro).

ANJOS. A palavra "anjo" no hebraico é "mal’ãk" (mensageiro, anjo). No ugarítico, árabe e etiópico, o verbo L ‘ ak significa “enviar”.  Ainda que L ‘ ak não ocorra no AT hebraico, é possível reconhecer sua relação etimológica com mal’ãk. Além disso, o AT usa a palavra “mensagem” em Ag 1.13; esta palavra incorpora o significado da raiz L ‘ ak, enviar. Outra forma de substantivo da raiz é m lã’kãh, que significa “trabalho”, e que ocorre 167 vezes no AT. O nome Malaquias – literalmente, “meu mensageiro” – é baseado no substantivo mal’ãk. A palavra mal’ãk não só se refere ha um anjo com também um ser humano, cumprindo o mesmo desígnio, também denota alguém enviado a grande distância por outro indivíduo (Gn 32.3) ou por uma comunidade (Nm 21.21) para comunicar uma mensagem. Com freqüência, vários mensageiros são enviados (2Rs 1.2).

A fórmula introdutória da mensagem transmitida pelo mal’ãk (mensageiro ou anjo) contém a frase “Assim diz...”, ou “Isto é o que... diz”, significando a autoridade do mensageiro em dar a mensagem do seu senhor (Jz 11.15).  

 Já no grego a palavra para anjo é "angelos" (derivado de “angellõ”, que significa “entregar uma mensagem”).  Esta tem um significado mais abrangente, pois pode se referir a um enviado ou mensageiro de Deus, ou pelo homem ou por Satanás, “também é usado para aludir a um guarda ou representante (Ap 1.20; At 12.15), mas na maioria das vezes diz respeito a uma ordem de seres criados, superiores aos homens (Hb 2.7; Sl 8.5), pertencentes ao céu (Mt 24.36; Mc 12.25) e a Deus (Lc 12.8), e engajados em servi-Lo (Sl 103.20).


A natureza dos Anjos

Anjos são espíritos (Hb 1.14), ou seja, não tem corpos materiais como os homens; são ou de forma humana ou podem assumir a forma humana quando necessário (Lc 24.23; At 10.3 com At 10.30).

São chamados “santos”, em Mc 8.38, e “eleitos”, em 1Tm 5.21, em contraste com alguns do seu número original (Mt 25.41), que “pecaram” (2Pe 2.4), “deixaram a sua própria habitação” (Jd 6).

Os anjos são sempre mencionados no gênero masculino, a forma feminina da palavra não ocorre em nenhuma passagem do NT. Isto não quer propriamente dizer que os anjos tenham somente sexo masculino, pois anjos não tem sexo (Mt 22.30; Mc 12.25; Lc 20.35,36), mas entende-se que as Escrituras os mencionam no sexo masculino referindo-se a todo um povo.

Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.13,14), criados por Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5; Cl 1.16).

A Bíblia fala em anjos bons e anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e a santos (Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17; 2Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.9) e abandonaram o seu estado original de graça como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.

A Bíblia fala numa vasta hoste de anjos bons (1Rs 22.19; Sl 68.17; 148.2; Dn 7.9,10; Ap 5.11), embora os nomes de apenas dois anjos sejam registrados nas Escrituras: Miguel (Dn 12.1; Jd 9; Ap 12.7) e Gabriel (Dn 9.21; Lc 1.19,26). Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é chamado de arcanjo (literalmente “anjo principal”, Jd 9; 1Ts 4.16); há serafins (Is 6.2), querubins (Ez 10.1-3), anjos com autoridade e domínio (Ef 3.10; Cl 1.16) e as miríades de espíritos ministradores angelicais (Hb 1.13,14; Ap 5.11).

Como seres espirituais, os anjos bons louvam a Deus (Hb 1.6; Ap 5.11; 7.11), cumprem a Sua vontade (Nm 22.22; Sl 103.20) vêem a Sua face (Mt 18.10), estão em submissão a Cristo (1Pe 3.22), são superiores aos seres humanos (Hb 2.6,7) e habitam no céu (Mc 13.32; Gl 1.8).  Não se casam (Mt 22.30), nunca morrerão (Lc 20.34-36) e não devem ser adorados (Cl 2,18; Ap 19.9,10). Podem aparecer em forma humana (geralmente como moços, sem asas, Gn 18.2,16; 19.1; Hb 13.2).

A Missão dos Anjos

Os anjos executam numerosas atividades na terra, cumprindo ordens de Deus. Desempenharam uma elevada missão ao revelarem a lei de Deus a Moisés (At 7.38; Gl 3.19; Hb 2.2). Seus deveres relacionam-se principalmente com a obra redentora de Cristo (Mt 1.20-24; 2.13; 28.2; Lc 1 – 2; At 1.10; Ap 14.6,7).  Regozijam-se por um só pecador que se arrepende (Lc 15.10), servem em prol do povo de Deus (Dn 3.25; 6.22; Mt 18.10; Hb 1.14), observam o comportamento da congregação dos cristãos (1Co 11.10; Ef 3.10; 1Tm 5.21), são portadores de mensagens de Deus (Zc 1.14-17; At 10.1-8; 27.23,24), trazem respostas às orações (Dn 9.21-23; At 10.4; às vezes, ajudam a interpretar sonhos e visões proféticos (Dn 7.15,16); fortalecem o povo de Deus nas provações (Mt 4.11; Lc 22.43), protegem os santos quem temem a Deus e se afastam do mal (Sl 34.7; 91.11; Dn 6.22; At 12.7-10), castigam os inimigos de Deus (2Rs 19.35; At 12.23; Ap 14.17; 16.21), lutam contra as forças demoníacas (Ap 12.7-9) e conduzem os salvos ao céu (Lc 16.22).

Durante os eventos dos tempos do fim, a guerra se intensificará entre Miguel, com os anjos bons, e Satanás com suas hostes demoníacas (Ap 12.7-9).  Anjos acompanharam a Cristo quando Ele voltar (Mt 24.30,31) e estarão presentes no julgamento da raça humana (Lc 12.8,9).

O NT usa o termo “isangelos”, que significa “igual aos anjos” no grego, para se referir ao corpo glorificado que teremos, seja ao ressuscitar, ou no momento do arrebatamento (Lc 20.36; Fp 3.20,21; 1Co 15.49-53; 1Jo 3.2).

O Anjo do Senhor

O ANJO DO SENHOR. É muito importante fazer menção especial ao “Anjo do Senhor” (às vezes, “o Anjo de Deus”), um anjo incomparável que aparece tanto no AT como também no NT.

Seu primeiro aparecimento foi a Agar, no deserto (Gn 16.7); outros aparecimentos incluíram pessoas como Abraão (Gn 22.11,15), Jacó (Gn 31.11-13), Moisés (Êx 3.2), todos os israelitas durante o êxodo (Êx 14.19) e mais tarde em Boquim (Jz 2.1,4), Balaão (Nm 22.22-36), Josué (Js 5.13-15, onde o príncipe do exército do Senhor é mais provavelmente o Anjo do Senhor),  Gideão (Jz 6.11), Davi (1Cr 21.16), Elias (2Rs 1.3,4), Daniel (Dn 6.22) e José (Mt 1.20; 2.13).

O Anjo do Senhor realizou várias tarefas semelhantes às dos anjos, em geral.  Às vezes, simplesmente trazia mensagens do Senhor ao Seu povo (Gn 22.15-18; 31.11-13; Mt 1.20). Noutras ocasiões, Deus enviara o Seu Anjo para suprir as necessidades dos seus (1Rs 19.5-7), para protegê-los do perigo (Êx 14.19; 23.20; Dn 6.22) e, ocasionalmente, destruir os Seus inimigos (Êx 23.23; 2Rs 19.34,35; Is 63.9).  Quando o próprio povo de Deus rebelava-se e pecava grandemente, este Anjo podia ser usado para destruí-lo (2Sm 24.16,17).

A identidade do Anjo do Senhor tem sido debatida, especialmente pelo modo como ele freqüentemente se dirige às pessoas. Note os seguintes fatos:

a)      Em Jz 2.1, o Anjo do Senhor diz: “Do Egito EU vos fiz subir, e EU vos trouxe à terra que vossos pais EU tinha jurado, e EU disse: EU nunca invalidarei o meu concerto convosco”. (o grifo dos pronomes mostra que esta demonstrando ser o próprio Deus). Comparada esta mensagem com outras que descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram atos do Senhor, o Deus do concerto dos israelitas.  Foi Ele quem jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó que daria aos seus descendentes a terra de Canaã (Gn 13.14-17; 17.8; 26.2-4; 28.13); Ele jurou que esse concerto seria eterno (Gn 17.7), Ele tirou os israelitas do Egito (Êx 20.1,2) e Ele os levou à terra prometida (Js 1.1,2).
b)      Quando o Anjo do Senhor apareceu a Josué, este se prostrou e o adorou (Js 5.14). Essa atitude tem levado muitos a crer que esse Anjo era uma manifestação do próprio Senhor Deus; do contrário, o Anjo teria proibido Josué de adorá-Lo (Ap 19.10; 22.8,9).
c)       Ainda mais explicitamente, o Anjo do Senhor que apareceu a Moisés na sarça ardente disse, em linguagem bem clara: “EU sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Êx 3.2,6).
Porque o Anjo do Senhor esta tão estreitamente identificado com o próprio Senhor, e porque Ele apareceu em forma humana, alguns consideram que Ele era uma aparição do Cristo eterno, a segunda pessoa da Trindade, antes de nascer da virgem Maria, isso se chama teofânia que significa aparição ou revelação de divindades; manifestação de Deus (Jo 8.56-58; 5.18; 10.30; 13.13).




Bibliografia
Bíblia Sagrada;
Índice de estudos doutrinários, Bíblia pentecostal de estudos;
Comentário da Bíblia pentecostal de estudo;
Dicionário de hebraico e grego, VINE;
Dicionário da língua portugueza, 1973;

Pequena Enciclopédia Bíblica, O.S. Boyer;


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