segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Oração Contrária - A Superstição Evangélica

São muitas as pessoas que declaram crer nesta “superstição evangélica” mesmo que tal prática não encontre nenhum respaldo dentre as Escrituras Sagradas. A idéia de que uma “oração contrária” feita por alguém que, aparentemente se diz cristão, não é mais absurda do que a crença de que esta, pode realmente afetar a vida de quem se deseja o mal!

Eu me pergunto: Será que uma “oração contrária” realmente tem essa eficácia?  Será que uma oração contrária, movida pela inveja, insensatez, falta de conhecimento das Escrituras ou mesmo por um sentimento maligno, tenha tal poder de influenciar e/ou afetar a vida de alguém?

Mediante as Escrituras Sagradas quero mostrar que esta crendice evangélica não só é absurda, como também não encontra nenhum respaldo nas Escrituras Sagradas.

É no livro de Números (capítulos 21.10-35; 22; 23 e 24), que onde a “teoria da oração contrária é desmistificada”.  Nesta passagem das Escrituras os israelitas em sua jornada pelo deserto passam pelas terras de Moabe e Basã, na ocasião, Moisés enviou mensageiro a Seom, reis dos amorreus, para pedir permissão para que os israelitas pudessem passar por suas terras em paz, sem usufruírem de nada. Porém, Seom não o permitiu que o povo israelita passasse por suas terras. Ao invés disso saiu com um exercito para pelejar contra Israel, o qual, sendo derrotado. O mesmo sucedeu em Basã, com o rei Ogue (Nm 21.10-35). Após estas vitórias Israel seguiu adiante acampando nas campinas de Moabe próximo a Jericó. Balaque, rei dos moabitas, tendo notícias do que havia acontecido com estes reis (Seom e Ogue) se angustiou, temendo que o mesmo acontecesse às suas terras. Após consultar os anciãos dos midianitas, decidiu enviar mensageiros a Balaão (que vivia junto de seu povo, Nm 22.5) dizendo:


- “Os israelitas partiram e acamparam nas campinas de Moabe, para além do Jordão, perto de Jericó.
Balaque, filho de Zipor, viu tudo o que Israel tinha feito aos amorreus,
e Moabe teve muito medo do povo, porque era muita gente. Moabe teve pavor dos israelitas.
Então os moabitas disseram aos líderes de Midiã: "Essa multidão devorará tudo o que há ao nosso redor, como o boi devora o capim do pasto". Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe naquela época,
enviou mensageiros para chamar Balaão, filho de Beor, que estava em Petor, perto do Rio, em sua terra natal. A mensagem de Balaque dizia: "Um povo que saiu do Egito cobre a face da terra e se estabeleceu perto de mim.
Venha agora lançar uma maldição contra ele, pois é forte demais para mim. Talvez então eu tenha condições de derrotá-lo e de expulsá-lo da terra. Pois sei que quem você abençoa é abençoado, e quem você amaldiçoa é amaldiçoado".
Os líderes de Moabe e os de Midiã partiram, levando consigo o preço para os encantamentos mágicos. Quando chegaram, comunicaram a Balaão o que Balaque tinha dito.
Disse-lhes Balaão: "Passem a noite aqui, e eu lhes trarei a resposta que o Senhor me der". E os líderes moabitas ficaram com ele.
Deus veio a Balaão e lhe perguntou: "Quem são esses homens que estão com você? "
Balaão respondeu a Deus: "Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe, enviou-me esta mensagem:
‘Um povo que saiu do Egito cobre a face da terra. Venha agora lançar uma maldição contra ele. Talvez então eu tenha condições de derrotá-lo e de expulsá-lo’ ".
Mas Deus disse a Balaão: "Não vá com eles. Você não poderá amaldiçoar este povo, porque é povo abençoado".
Na manhã seguinte Balaão se levantou e disse aos líderes de Balaque: "Voltem para a sua terra, pois o Senhor não permitiu que eu os acompanhe".
Os líderes moabitas voltaram a Balaque e lhe disseram: "Balaão recusou-se a acompanhar-nos".
Balaque enviou outros líderes, em maior número e mais importantes do que os primeiros.
Eles foram a Balaão e lhe disseram: "Assim diz Balaque, filho de Zipor: Que nada o impeça de vir a mim,
porque o recompensarei generosamente e farei tudo o que você me disser. Venha, por favor, e lance para mim uma maldição contra este povo".
Balaão, porém, respondeu aos conselheiros de Balaque: "Mesmo que Balaque me desse o seu palácio cheio de prata e de ouro, eu não poderia fazer coisa alguma, grande ou pequena, que vá além da ordem do Senhor meu Deus. (Nm 22.1-18 - NVI).

Interessante é que Deus se manifesta a Balaão, pergunta quem eram os homens que estavam com ele (testando o seu coração, pois Deus certamente sabia quem eram tais homens), Balaão explica e logo recebe uma resposta de Deus:

- “Mas Deus disse a Balaão: "Não vá com eles. Você não poderá amaldiçoar este povo, porque é povo abençoado." (Nm 22.12)

A resposta de Balaão a insistência de Balaque através de seus mensageiros é clara:

- “Como posso amaldiçoar a quem Deus não amaldiçoou? Como posso pronunciar ameaças quem o Senhor não quis ameaçar?"  (Nm 23.8)

Esta muito clara nesta passagem das Escrituras que independente do “trabalho” que Balaão fizesse, não mudaria em nada a decisão de Deus em abençoar Seu povo!

Pode alguém amaldiçoar o que Deus abençoou? Se Deus declarar uma única vez que você é abençoado, você é abençoado e ponto final. Ainda que milhares de homens declarem milhares de vezes palavras de maldição contra sua vida, será inútil, pois nada irá mudar uma única declaração de Deus a seu respeito!

Pode alguém dizer: “Nós não somos israelitas, por isso esta passagem não se encaixa a nós!” Eu responderei então: “Somos descendentes de Abraão", e sendo assim, estamos debaixo da promessa que o próprio Senhor lhe fez: “...e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados (Gn 12.3; 26.4; 28.14).”

 E explico: Foi através da descendência de Abraão que se cumpriu o plano divino de enviar o Messias, o Cristo, o Salvador (Mt 1.1,2-17). Esta promessa que Deus fez a Abraão (Gn 12.3), Isaque (Gn 26.4) e Jacó (Gn 28.14), não são para “todos”, no sentido geral, pois, esta promessa esta relacionada diretamente a “todos” que entregam suas vidas ao Senhor Jesus, o confessando como único e suficiente salvador (Rm 10.8-13; Lc 1.50 e 55; Mt 1.21; 4.16).

A herança desta promessa que Deus fez para a descendência de Abrão é para “todos” aqueles que servem ao Senhor Jesus.  É através do Senhor Jesus que todas as nações são alcançadas pelo Seu Evangelho e assim, são abençoadas, porque está escrito: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”, isso através do sacrifício do Senhor Jesus na cruz do calvário (Tt 1.12)!

Entendo que os cristãos são herdeiros desta promessa, e sendo assim são abençoados, como pode então, uma “oração contrária” ser mais poderosa que uma declaração de Deus?

Por várias vezes fui questionado sobre este assunto, e quando dou esta mesma resposta, e geralmente escuto a seguinte tese: “Mas, não é Deus quem escuta a oração contrária, e sim o Diabo e seus demônios!

E quem disse que o Diabo e seus demônios precisam “escutar uma oração contrária” para desgraçar a vida de alguém?  Estes agem por contra própria, escravizando e destruindo a vida de qualquer um que vive segundo o curso deste mundo e distante de Deus (Ef 2.1-7)!

AS PESSOAS NÃO SÃO ATINGIDAS POR ORAÇÕES CONTRÁRIAS, MAS SIM PELAS CONSEQÜÊNCIAS DE SUAS ESCOLHAS!

No livro de Tiago está escrito: “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: "Estou sendo tentado por Deus". Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.
Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido.
Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte.
Meus amados irmãos, não se deixem enganar." (Tg 1.13-16 – Versão NVI)

Outro exemplo a ser considerado é a questão do “perdão”.  Se o rancor de alguém pudesse nos fazer mal, certamente muita gente estaria morta, pois são poucos os que conhecem a disciplina do perdão!

Há uma frase muito interessante de William Shakespeare que diz: “Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”.

O rancor só faz mal a quem o guarda. Isso é provado cientificamente, e é descrito pelo Doutor Fred Luskin em seu livro intitulado “O Poder do Perdão - Guardar rancor faz mal a saúde”.

O desejo de vingança que o rancor pode criar não afeta de maneira alguma a vida de alguém. Muito menos as palavras de maldição que uma pessoa rancorosa pode declarar, pode assim influenciar de alguma forma a vida alheia. O mal só influencia e afeta a vida de quem se deixar dominar por este sentimento!

Assim também como o conhecido “mau olhado”, a “inveja”, a “macumba” ou a “feitiçaria”, nada disso pode afetar a vida do cristão, pois está escrito: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus O PROTEGE, E O MALIGNO NÃO O ATINGE." (1Jo 5.18)

Resumindo:                                                                                                                       
O mal não atinge alguém através da oração contraria de qualquer outra pessoa. Muito pelo contrário, o mal só pode nos atingir uma pessoa, se esta voluntariamente escolhermos errar, praticar o mal contra seu próximo (ou contra si mesmo). Pois, para cada escolha há uma conseqüência.  E o maligno certamente se aproveitará disso para então agir!

Que a mensagem do Apóstolo Pedro seja levada a sério: “Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar." (1Pe 5.8)


Por Elton S Pereira

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