
Geralmente, sempre que se escuta (não só entre o povo
cristão, mas, também entre incrédulos) algo sobre santidade, é baseado no
radicalismo, seja para a total falta ou para um exagero orgulhoso.
As seguintes frases, quase sempre ouvidas, são:
“Eu não sou santo!”
“Eu não peco!”
Independente das motivações, e linhas de raciocínios, ambas
as declarações, estão grandemente equivocadas mediante as Escrituras Sagradas!
No livro de 1 João (1.8-10), está escrito: “Se
declaramos que NÃO TEMOS PECADO algum ENGANAMOS A NÓS MESMOS, e a verdade não
esta em nós. SE CONFESSARMOS OS NOSSOS
PECADOS, ELE (Jesus) é fiel e justo para nos perdoar todos os pecados e nos
purificar de qualquer injustiça. Se
afirmarmos que não temos cometido pecado, nós O FAZEMOS MENTIROSO, e Sua
Palavra não esta em nós.”
Nesta passagem das Escrituras o apóstolo João declara duas
coisas a respeito de nossas posturas diante de nossos pecados:
1º Que a pessoa que nega ser pecadora engana-se a si mesma;
2º Que a pessoa que nega seus pecados, declara
automaticamente que Deus é mentiroso;
Detalhe, a primeira
epistola de João, não foi escrita para ímpios e incrédulos, mas, sim para a
Igreja, ou seja, para os cristãos!
Muitas pessoas têm uma idéia equivocada a respeito de “santidade”. Alguns declaram: “Ninguém é santo!” Estes
devem ler atentamente Hebreus 12.14, que diz: “Esforçai-vos para viver em paz
com todas as pessoas e EM SANTIFICAÇÃO, SEM A QUAL NINGUÉM VERÁ O SENHOR.”
Está claro nesta passagem das Escrituras que, se não há santidade e nem santos,
então ninguém verá a Deus!
Há ainda outros que defendem uma idéia completamente errônea
sobre santidade, declarando: “Santo não peca!” Mas, quem disse que
santidade é ausência de pecado? Onde
está escrito isso na Bíblia? Ao
contrário do que se pensa, a Bíblia é categórica em declarar que “NÃO
HÁ HOMEM QUE NUNCA PEQUE”, 2Crônicas 6.36 (Leia: IReis 8.46; Salmos
143.2; Provérbios 20.9; Eclesiastes 7.20; Romanos 3.9-10; 5.12).
Aqueles que afirmam abertamente: “Eu não sou santo!” Tentam
assim, se justificar de seus pecados, erros, apelando para suas limitações
humanas, pessoais. Enganam-se, estes, se
pensam que suas convicções lhes absolverão das consequências de suas escolhas,
pois, tudo o que se plantar se colherá, na epístola de Gálatas (6.7-9) está
escrito: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer;
porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia NA SUA CARNE, DA CARNE
CEIFARÁ CORRUPÇÃO; MAS O QUE SEMEIA NO ESPÍRITO, DO ESPÍRITO CEIFARÁ A VIDA
ETERNA. E não nos cansemos de
fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.”
Ao contrário do pensamento popular evangélico, a Bíblia não
esconde os erros (pecados) de ninguém, não há supercrentes, nem mesmo super-homens,
pois, todos os homens santos nas Escrituras Sagradas erraram, pecaram, tiveram
momentos de fraquezas, e ainda assim, Deus não os abandonou quando estes
arrependidos se humilharam diante Dele. As Escrituras Sagradas declara
categoricamente o pecado de cada homem e mulher, ao exemplo do profeta Elias,
Tiago (5.17 a) declarou: “Elias era homem
de natureza semelhante à nossa,...”,
mostrando claramente que era “pecador” assim como nós, ou seja, sujeito ao erro
também. Assim como também Abraão,
Isaque, Jacó, José, Moisés, Davi, etc, todos pecaram declara as Escrituras Sagradas
(Leia: Ec 7.20 com Rm 3.9-12)!
Por favor, não me interprete mal. Não quero aqui, abrir um
precedente para o pecado, e nem justificar uma escolha “consciente” para se viver
no erro, não, de forma alguma. Em Romanos 6.1-4 está escrito: “Então,
qual seria a conclusão? Devemos continuar pecando a fim de que a graça seja
ainda mais ressaltada? De forma alguma! Nós que morremos para o pecado, como seria
possível desejar viver sob seu jugo? Ou ignoreis que todos nós, que fomos
batizados em Cristo Jesus, fomos igualmente batizados na Sua morte? Portanto,
fomos sepultados com Ele na morte por meio da morte no batismo, com o propósito
de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai,
também nós vivamos uma nova vida” (Leia: Romanos 5.20,21; 6.1-4;
6.10-14; Gálatas 6.7,8 com 1Timóteo 5.24).
No contexto bíblico, existem pecados “conscientes” e “inconscientes”,
e isso é relatado com clareza por Davi quando declarou em Salmos (19.12,13): “Quem
pode perceber os próprios erros? Purifica-me dos que me ainda não me são
claros. Da mesma forma livra o teu servo do orgulho, para que ele nunca me
domine; então experimentarei a integridade, e serei inocente de grande
transgressão.”
Todos pecamos nos falar, no pensar, no sentir... Não importa se tal pessoa tenha o hábito de
orar por horas durante o dia, ou se sobe diariamente o monte, ou se jejua
várias horas e vezes na semana. Isso não
torna ninguém perfeito, e nem é sinônimo de ausência de pecados!
Se alguém acredita que é mais santo que seu próximo só
porque pratica tais coisas, esta inchado, orgulhoso e praticando “acepção
de pessoas”, e pecando contra Deus (Leia: Dt 10.17; 16.9; 2Cr 19.7; Jó
13.10; At 10.34; Rm 2.11; Tg 2.9).
Deixo claro que a minha intenção aqui é trazer uma
elucidação a respeito do que realmente é ser santo (Leia: Lv 20.7 com 1Pe 1.16;
1Ts 4.3; Ef 3.17-19). Como diziam
alguns dos pais da Igreja: “Santo não é a pessoa que não se suja, mas é
aquele que sempre se lava nas águas do perdão de Deus”!
Mas o que é Santo?!
A palavra hebraica para “santo” é “qãdõsh”, que vem da raiz
hebraica “qãd”, que significa três coisas:
1º - separados por Deus;
2º - para Deus;
3º - e consagrados para ser usado pelas mãos de Deus.
Já no grego a palavra para “santo” é “hagios”, o qual,
igualmente a “qádõsh” têm os mesmos significados que são “separados”
e “consagrados”.
Santo não é sinônimo de perfeição. A palavra hebraica para perfeição é “tãmim”,
o qual significa “inocente”, “sincero”, “inteiro” e “completo”.
Já a palavra grega que define perfeição é “teleios”, o qual traz o significado
de “maduro”
ou “maturidade”.
Como se vê, nenhuma das duas palavras traz o sentido de perfeição referente à
santidade. Ninguém esta livre de errar!
A santidade ou a santificação se dá mediante a busca
constante pelo Espírito Santo, o esforço de se crucificar a cada dia o velho
homem, vivendo assim o novo homem (Ef 4.20-32; 5.1-21), não praticando as
mesmas obras do velho homem, e evitando praticar as obras da carne (Gl
5.19-26).
Todos cristão tem o dever de ser, e, se declarar santo! ...caso diga o contrário, estará denunciando indiretamente
(e diretamente) uma vida distante de Deus, entregue a pensamentos viciosos e
desejos impuros, buscando sempre satisfazer os desejos da carne (Leia: Rm 6.12;
8.5; 2Co 7.1; Ef 2.1-5; Cl 3.1-10; 1Pe 4.1-3; 2Pe 2.9,10,13,14,19-22, etc).
Somos santos sim, mas também pecadores, sujeitos ao erro! ...o assunto esta parecendo contraditório
não é!? Não, não é! Somos exatamente isso: “Santos, mas falhos!”
Mas, preste atenção, como já havia dito anteriormente, não
quero de forma alguma, abrir algum prescendente para apoiar a qualquer um em se
viver uma vida entregue a vícios, promiscuidades, rancor, e comportamentos que
não cabem há um cristão. De forma alguma!
Há pecados “conscientes” e “inconscientes”. Pecados conscientes são aqueles praticados
por escolha, ou até planejados com antecedência, ou seja, o indivíduo tem como
renunciar, evitar, mas, “escolheu” seguir adiante, correndo
assim um risco, por um mero momento de prazer. Pecados inconscientes são aqueles que praticamos
muitas vezes através de ações impensadas (seja no falar, no olhar, no agir,
devido nossa natureza caída, sempre esta se errando). Ambos foram citados pelo Salmista
(19.12-14):
“Quem pode discernir os próprios erros?
Absolve-me dos que desconheço! Também guarda o teu servo dos pecados
intencionais (conscientes); que eles não me dominem! Então serei íntegro,
inocente de grande transgressão. Que as palavras da minha boca e a
meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor, minha Rocha e meu
Resgatador!” (versão NVI)
Para aqueles que vez ou outra
declaram: “Eu não peco!” ...cuidado,
você esta em um caminho de hipocrisia, orgulho e se distanciando de Deus (Tg
4.6)!
Para aqueles que vez ou outra
declaram: “Eu não sou santo!”
...cuidado, você esta em um caminho de auto-engano, mentindo
para si mesmo, e também se distanciando de Deus (Rm 8.5-8)!
Lembremos-nos irmãos e amigos das seguintes
passagens das Escrituras Sagradas que não nos deixam esquecer-se da
misericórdia e amor incondicional que nosso Deus tem por todos nós:
“Se o
meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e
se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e
curarei a sua terra.” 2Cr 7.14
“Ajuda-nos,
ó Deus, nosso Salvador, para a glória do teu nome; livra-nos e perdoa os nossos
pecados, por amor do teu nome.” Sl 79.9
“É ele que perdoa todos os seus
pecados e cura todas as suas doenças,
que
resgata a sua vida da sepultura e o coroa de bondade e compaixão,
que
enche de bens a sua existência, de modo que a sua juventude se renova como a
águia. O Senhor faz justiça e
defende a causa dos oprimidos. Ele
manifestou os seus caminhos a Moisés, os seus feitos aos israelitas. O Senhor é
compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor. Não acusa sem cessar nem fica ressentido para sempre;
não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas
iniqüidades. Pois como os céus se
elevam acima da terra, assim é grande o seu amor para com os que o temem;
e como o Oriente está longe do Ocidente, assim
ele afasta para longe de nós as nossas transgressões. Como um pai tem compaixão de seus filhos,
assim o Senhor tem compaixão dos que o temem; pois ele sabe do que somos
formados; lembra-se de que somos pó.” Sl 103.3-14
“Como
pode um homem reclamar quando é punido por seus pecados?” Lm
3.39
“Mas,
se um ímpio se desviar de todos os pecados que cometeu e obedecer a todos os
meus decretos e fizer o que é justo e direito, com certeza viverá; não morrerá.” Ez 18.21
“A alguns que confiavam em sua
própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: "Dois
homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano.
O fariseu, em pé, orava no íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os
outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano.
Jejuo
duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’. "Mas o
publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no
peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’. "Eu lhes digo que este homem, e não o outro, foi
para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e
quem se humilha será exaltado."
Lc 18.10-14
Para terminar, deixo claro que
tanto aquele que declara “não pecar” quanto o que declara “não
sou santo”, pecam diretamente contra Deus (e não só contra si mesmos ou
contra seus próximo), mas, é exatamente quando reconhecemos que somos falhos e
limitados que entendemos o amor de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo por
nós, pois, não éramos merecedores de nada, mas ainda assim, Ele morreu por nós
sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8; Hb 4.15,16)!
Termino este estudo citando
novamente 1 João (2.1-6): “Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas
para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto
ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a propiciação pelos nossos pecados,
e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo. Sabemos
que o conhecemos, se obedecemos aos seus mandamentos. Aquele que diz:
"Eu o conheço", mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e
a verdade não está nele. Mas, se alguém obedece à sua palavra, nele verdadeiramente o amor de
Deus está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos ele: aquele que
afirma que permanece nele, deve andar como ele andou.”
Graça e paz para os santos em
Cristo Jesus!
Por Elton S Pereira
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