segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A Aliança da Circuncisão

  E circundarás a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal do concerto entre Mim e vós; o filho de oito dias, pois, será circuncidado; todo macho nas vossas gerações, o nascido na casa e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua semente. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; e estrangeiro o meu concerto na vossa carne por concerto perpétuo. E o macho com prepúcio, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada dos seus povos; quebrantou o Meu concerto.
Gênesis 17.11-14

Introdução

  A aliança da circuncisão foi estabelecida por Deus com Abraão há 4.000 anos como pacto ou aliança. Ainda hoje a circuncisão ou excisão é praticada por muçulmanos de vários países, judeus, cristãos são coptas e adeptos de muitas religiões animistas de povos primitivos.  No judaísmo, no islamismo e no cristianismo a circuncisão revive a aliança firmada entre Abraão e YHWH, segundo prescrições bíblicas (Gênesis 17.10-14).

  Historicamente, a circuncisão ritual é ainda mais antiga, sendo praticada há milênios por povos de todos os continentes. Há registros egípcios da prática da circuncisão há mais de 6.000 anos. Historiadores defendem a tese de que provavelmente o costume remonta a pré-história e, assim, todas as causas antropológicas a ele atribuídas são sempre tropológicas (significa emprego de linguagem figurada, em sentido de volta, mudança de conceito no uso) ou conjeturais. Essas explicações mencionam mais frequentemente o desejo de oferecer a alguma divindade um sacrifício que exprima reconhecimento de poder divino sobre a reprodução. Seria, portanto, um rito de fertilidade e um sacrifício de castração simbólica, onde uma parte da genitália é poupada pela submissão ao poder divino. 
Circuncisão Egípcia: Saqqarah

  A circuncisão era a cirurgia mais comum em Israel. Todos os meninos, ao completar oito dias de vida, eram submetidos a essa operação, que consistia na remoção do prepúcio, mesmo que esse oitavo dia de vida caísse em um Sábado (João 7.22,23).  Todo o povo israelita tinha de ser circuncidado. Caso um gentio decidisse se naturalizar Israelita ou caso se convertesse ao judaísmo, teria de se submeter à circuncisão (Exemplo dos siquemitas que se submeteram a esse rito, Gênesis 34.24). Até hoje, os judeus e alguns gentios ainda praticam a circuncisão!

  A seguir responderemos as perguntas frequentes que surgem quando se lê a respeito da circuncisão no Velho Testamento, visando uma maior elucidação dentro deste assunto:

  O que é circuncisão?  De que maneira era executada a circuncisão?  Qual o significado da circuncisão?  E a questão mais notória neste assunto é: o porquê a circuncisão deveria ser feita no oitavo dia de vida de um recém-nascido?

O que é circuncisão? 

  A circuncisão (“circum” que significa “em volta”, e “cisão” que significa “corte”) nada mais é do que uma pequena cirurgia, onde se retira o excesso de pele do pênis, chamada “prepúcio”, procedimento muito parecido com uma operação de fimose. Na Pequena Enciclopédia Bíblica, de O.S. Boyer, “circuncisão” define-se como cerimônia religiosa dos judeus e também de muçulmanos, que consiste em cortar o prepúcio dos neófitos (pessoa que recém-iniciada a uma determinada religião).

De que maneira era executada a circuncisão?  

  A circuncisão era realizada com uma pedra afiada (Êxodo 4.25; Josué 5.3).   O procedimento consistia em se afiar uma pedra sobre outra pedra lisa, o que provocava também grande aquecimento da pedra, auxiliando assim, na assepsia do procedimento, evitando também futuras inflamações.  Apesar da idéia de um objeto grosseiro, na verdade podia ser um instrumento de corte afiadíssimo.  Com o tempo, foram criadas facas de pedras, mas, já no tempo de Jesus a circuncisão era realizada com facas de metal, e não mais com pedras afiadas!

Qual o significado da circuncisão?

  A circuncisão do Antigo Testamento era um símbolo que antevia a Cristo e a circuncisão que Ele (Jesus) faria no coração carnal: “Circuncidais, pois, o prepúcio do vosso coração e não endureçais a vossa cerviz” (Deuteronômio 10.16). “Circuncidai-vos para o Senhor e tirai os prepúcios do vosso coração, ó homens de Judá e habitantes de Jerusalém, para que a minha indignação não venha a sair como fogo e arda de modo que não haja quem a apague, por causa da malícia das vossas obras” (Jeremias 4.4).  

  O que foi cumprida em Cristo no Novo Testamento: “Em Cristo fostes circuncidados, não por intermédio de mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar da carne pecaminosa” (Colossenses 2.11). “Sendo assim, fazei morrer tudo o que pertence a natureza terrena: imoralidade sexual, impureza, paixão, vontades más e a ganância, que também é idolatria. [...]Nelas também andastes no passado, quando ainda vivíeis com esses hábitos, mas agora, livrai-vos de tudo isso: raiva, ódio, maldade, difamação, palavras indecentes do falar. Não mintais uns aos outros, pois já vos despistes do velho homem com suas atitudes, e vos revestistes do novo homem, que se renova para o pleno conhecimento segundo a imagem Daquele que o criou;[...]” (Colossenses 3.5-10).  Demais passagens sobre a simbologia real da circuncisão e seu cumprimento profético em Cristo: Levítico 26.41; Deuteronômio 10.16; Jeremias 4.4; Romanos 2.29; Filipenses 3.3.

  Assim como Deus exigiu a circuncisão aos judeus, também hoje exige de nós a “circuncisão de Cristo”, o que significa que “nos despimos do velho homem” com suas emoções de “ira, paixão, maledicência” e egocentrismo.
Em obediência a esse costume o Senhor Jesus foi circuncidado ao oitavo dia de vida (Lucas 2.21). Assim também como João Batista (Lucas 1.59). A circuncisão teve um papel importante na vida do jovem Timóteo (Atos 16.3). Seu pai era grego e sua mãe judia. Paulo prevendo que Timóteo teria problemas na obra missionária, devido os judeus locais, resolveu o submeter a esse costume.  Também Paulo testemunha ter sido submetido à circuncisão no oitavo dia de vida (Filipenses 3.5).  Mas, a circuncisão foi posta de lado no Evangelho, precisamente no Concílio de Jerusalém, onde foi levantada a idéia de que, para um gentio tornar-se cristão, tinha que ser judeu. E para ser judeu, tinha que ser circuncidado. Neste Concílio realizado em Jerusalém, foi deliberado que os gentios não precisariam observar as leis judaicas, não sendo assim, obrigados a se submeterem a prática da circuncisão (Atos 15.1-29), o que cooperou para um grande avanço na história da Igreja!

Por que a circuncisão deveria ser feita no oitavo dia de vida de um recém-nascido?

  Em novembro de 1946, um artigo do Jornal da Associação Americana de Medicina mostrou uma lista das razões que tornam aconselhável a circuncisão dos meninos recém-nascidos ao oitavo dia de vida. O artigo apresentado pelos doutores Emmett Holt e Rustim McIntosh afirmam que um bebê recém-nascido tem “suscetibilidade peculiar à perda de sangue entre o segundo e quinto dia de vida...  Hemorragias nesta época, embora inconsequentes, são as vezes extensas; elas podem produzir sérios danos nos órgãos internos, especialmente no cérebro, e causam a morte por choque e falta de sangue”. Observou-se que a tendência à hemorragia deve-se ao fato de que o importante elemento coagulador do sangue, a “vitamina K”, não é formada na quantidade certa, antes do quinto e sétimo dia de vida. Se a vitamina K não é manufaturada no aparelho intestinal do bebê, antes do quinto ao sétimo dias, é claro que o primeiro dia seguro para se fazer a circuncisão seria o “oitavo dia”, o mesmo dia que o Senhor ordenou a Abraão que circuncidasse a Isaque!
Um segundo elemento também é necessário ao coagulador normal do sangue é a “protrombina”. Um diagrama baseado em informações discutidas em Holt Pediatrics revela que no terceiro dia de vida de um bebê, a protrombina disponível corresponde a apenas 30% do normal. Qualquer operação cirúrgica realizada em um bebê durante este tempo, o predisporia a sérias hemorragias. Também foi descoberto que a protrombina eleva-se no oitavo dia de vida, a um nível bem maior do que o normal, 110%. Depois ele desce a 100%. Parece que um bebê de oito dias de vida tem mais protrombina do que qualquer dia de sua vida toda. Levando-se em conta a consideração da vitamina K e determinações da protrombina, observamos que o dia perfeito para realizar a circuncisão é o oitavo dia de vida!

  Resumindo, a ciência medica descobriu que na maioria dos recém-nascidos, só por volta do oitavo dia é que o fígado já esta produzindo “vitamina K” em quantidade suficiente para que ocorra a coagulação do sangue e que a “protrombina” se eleva a um nível superior a 100%.  Permitindo assim a circuncisão do recém-nascido de maneira segura do ponto de vista médico!
Será que os antigos judeus sabiam disso?  Eles aprenderam isso por experiência, por revelação divina, ou o dia da circuncisão foi determinado ao acaso? Hoje em dia usa-se dar aos bebês doses dessa vitamina (K), para que possam ser circuncidados imediatamente (Gênesis 17.12; Lucas 1.58-61; João 7.22,23).

Benefícios da Circuncisão

As descobertas da ciência – com 4.000 anos de atraso

  As descobertas da ciência a respeito dos benefícios da circuncisão ainda vão mais longe.  No começo de 1900, o Dr.Hiram N.Wineberg, enquanto estudava o registro dos pacientes do Hospital Monte Sinai de Nova Yorque, observou, com uma comparação, que as mulheres israelitas estavam comparativamente livres do câncer do útero. Era uma descoberta espantosa! Ali estava um grupo que havia sofrido bem menos que as outras mulheres. Seguindo esta indicação, o Dr. Ira I. Kaplan e seus assistentes estudaram suas fichas dos pacientes do Hospital Bellevue de Nova Yorque e ficaram assombrados com a escassez de câncer uterino entre as mulheres judias. Em 1949, os ginecologistas da Clínica Mayo observaram que em 568 casos consecutivos de câncer uterino, não havia uma única judia (israelita) entre as vitimas. Sete por cento das admissões na Clínica Mayo são judias e seria de se esperar que 7% em 568, ou 40 judias, tivessem câncer uterino. Em vez disso, não havia um único caso!

  Em 1954, em um grande estudo em 86.214 mulheres, em Boston, observou-se que o câncer do útero em mulheres não judias era oito vezes e meia mais frequente do que em mulheres judias. Levando-se em conta a comparação, por que as mulheres israelitas estão comparativamente livres do câncer uterino?
Pesquisadores médicos agora concordam que esta imunidade espetacular resulta da prática da circuncisão em homens judeus – que foi instruída por ordem de Deus a Abraão há 4.000 anos!

  Um grande número de estudos mostrou o fato de que a incidência do câncer no útero não se deve a fatores como raça, comida ou ambiente, mas sim a “circuncisão”.  Outros estudos convenientes foram feitos na Índia. Embora os povos daquele país tenham bases raciais semelhantes, comam o mesmo tipo de comida e vivam no mesmo clima e ambiente, a população se divide em dois grupos religiosos. Aqueles que adoram a Maomé, também um descendente de Abraão, praticam a circuncisão. Entre este grupo, há uma incidência bem mais baixa de câncer uterino, do que entre outras mulheres da mesma raça, que comem a mesma comida e vivem no mesmo ambiente.
A ciência médica reconhece o fato, mas infelizmente o público geral ainda desconhece o valor da circuncisão. A explicação para isso é que os homens não circuncidados (que não eliminam o excesso de pele sobre o pênis) não podem executar uma limpeza adequada de maneira e eficiente. Como resultado, muitas bactérias virulentas poderão crescer profusamente, entre elas o “bacilo Smegma”, produtor de câncer.  Durante a relação sexual, estas bactérias são depositadas no colo do útero. Se a membrana mucosa do colo do útero esta intacta, não há danos. Entretanto, se existem lacerações, como frequentemente aparecem após o nascimento das crianças, estas bactérias podem causar irritações consideráveis. Já que toda a parte do corpo é sujeita a irritação, é suscetível o câncer, é perfeitamente compreensível por que o câncer uterino desenvolve-se em mulheres, cujos esposos não são circuncidados.

  Estas bactérias não só produzem câncer nas mulheres, mas também irritam o órgão masculino, podendo causar câncer no pênis. A extrema raridade do câncer no pênis dos homens circuncisos é demonstrada pelo fato de que quase nãos e tem registros. Assim, podemos dizer que a circuncisão é uma “profilaxia” quase perfeita contra este câncer mortal.
A ciência não chegou a esta conclusão como resultado de uma série de descobertas de laboratório; mas foi levada por um longo conjunto de estatísticas – estatísticas que existiram somente porque, através dos anos, muitas gerações de judeus foram fiéis ao mandamento que Deus deu a seu pai Abraão (Gênesis 17.10-14).

A circuncisão de Cristo

  Para os cristãos que não estão sujeitos a circuncisão “carnal”, mas sim a “espiritual” (em Cristo), é promovida uma libertação do domínio de emoções negativas, tais como a ira, paixões desenfreadas, que causam tensões. Esta circuncisão em Cristo é de grande vantagem para o homem cristão, já que estas emoções são claramente reconhecidas por modernos psiquiatras como causa ou agravantes da maioria das enfermidades, que algumas autoridades dizem ser a causa de todas as doenças!

  Enquanto a circuncisão física evita dois tipos fatais de câncer, a circuncisão espiritual feita por Cristo, de nossa natureza má, evita um número muito maior de doenças importantes. A circuncisão do corpo prevê a circuncisão do espírito. A circuncisão do corpo não é exigida aos cristãos de hoje, porque antevia uma circuncisão maior, realizada por Cristo na mente e coração dos homens.  “Quem é de Cristo, crucificou a sua velha natureza com tudo o que amava e cobiçava” (Gálatas 5.24). Somente quando esta cirurgia divina for realizada, poderá o homem desfrutar as promessas do Pai celestial – “nenhuma enfermidade”!

Conclusão

  Algumas pessoas duvidam dos milagres com os quais Deus protegeu os israelitas durante as pragas do Egito, e como secou o Mar Vermelho, para que escapassem da escravidão. Porém estes milagres são pequenos, comparados às orientações miraculosas dadas por Deus, as quais salvaram os israelitas e outros das pragas, epidemias e câncer, por muitos séculos.
Deus em sua infinita sabedoria, visando a saúde do povo escolhido (Israel), deu instruções, e ordenanças, que não só vislumbrava a Cristo, como também cooperava para o bem estar de Seu povo!

  Não é por acaso que o Senhor Jesus disse em João 13.7:   “[...]Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tarde porém, entenderá”.



Bibliografia

Bíblia Sagrada (Versões: King James; João F. de Almeida; NVI)
Pequena Enciclopédia Bíblica, O.S.Boyer
Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, William L.Coleman
A Provisão Divina para a Saúde, S.I.McMillen M.D.
Dicionário da Vida Sexual, Vol.1


Estudo, pesquisa e organização temática de informações por Elton S Pereira

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